preciso só de ti.

Estávamos nós debaixo do mesmo m2. Respirávamos o mesmo ar e conversávamos sobre o mesmo assunto, não juntos. Não conseguiríamos dizer a mais simples palavra?
E os olhares cruzavam-se com a luz que atravessava a janela. O silêncio repentino cortava-nos as respirações simultâneas. Por fim o bater do coração no mesmo compasso.
Era incapaz de dar um passo na mesma recta que tu davas. Queria abraçar-te mas escorregavas-me por entre os dedos. O teu alcance era uma missão impossível. Até que consegui andar na mesma linha curva que tu, e já não eras como agua a escapar das mãos.
A pressão acumulava-se, a voz não saia, os braços nao tomavam o movimento. A confiança não era a mesma, existia um pontinho de nós sempre na dúvida. Esse minúscula partícula entre nós conseguia fazer com que a distância (aparentemente menos de 20ct) fosse maior que a do Pólo Sul ao Pólo norte. Fazia milhares de coisas que abalavam cada vez mais a nossa relação.
A música de fundo que te inspirava nas palavras mas, esganavam-te a garganta com umas luvas brancas. Tentava vezes sem conta agarrar-te, puxar-te mas no fim não conseguia. Rebolavas pelas escadas e ficavas a olhar para mim com um ar de criança perdida. Caíamos nos braços um do outro como se não houvesse amanha e assim ficávamos a tarde inteira. Se tenho saudades!
A atmosfera que nos envolvia era de uma intensa pressão. Lamentável era o facto de termos perdido, sim perdemos. Perdemos a única união que nos ligava e o único sorriso que nos juntava. Perdemos ainda a tão forte cumplicidade. Não existia mais nada que pudéssemos perder, tudo tinha sido em vão mesmo a nossa amizade.
Supliquei-te 1001 vezes para voltares. Traz-me de novo esse teu sorriso, abraça-me sem pensar nas consequências mas fica. Fica hoje, fica amanhã. Fica todos os dias. Fica aqui, fica do outro canto do mundo mas fica comigo. Leva-me de novo aos teus esconderijos ou até nem leves a lado nenhum. Deixa-me explorar a tua enorme sabedoria. Peço-te apenas uma coisa volta. Volta ao que eras, volta ao que éramos.
Vou ficar à espera o tempo necessário, merecemos tanto nós como tu uma nova oportunidade.
( best friend )

sabias lá tu.

Sentaste-te bem lá no fundo só para não te poder avistar. Aos poucos foste-te aproximando com um olhar triste mas ao mesmo tempo impiedoso. Começaste a correr sem te puder apanhar. caíste. caíste no teu ego profundo e escuro. Nadaste bastante até chegares à tua estabilidade mas nunca conseguias, tinhas sempre algo para te puxar e fazer-te voltar a afogar. Assim constantemente e repetidamente foi a tua vida. Erguias e automaticamente caías. Chegaste por vezes nem saber porque caías mas dava-te prazer e recusavas tudo o que era de bom e abrias uma grande porta para tudo o que era mau.
Já no fim do teu grande ciclo vicioso, deste conta que não aproveitas-te mas sim desperdiças-te. Desperdiças-te uns longos anos da tua vida com infantilidades e imaturidades. aos teus olhos era tudo perfeito desde que fosse feito por ti. Demonstravas um inferno quente e maldoso, sentavas-te no teu trono de pedra fria e como numa bola de cristal vias um grande futuro, um futuro majestoso só para ti. Mas afinal essa tua previsão saiu-te mal. Esperava-te no fundo do teu poço um fim ainda pior do que desejaste para nós, ao qual tentaste fugir com toda a tua força, raiva, ódio e destruição que te sobressaía nos olhos. Lá foste tu, caindo cada vez mais. O fim era doloroso, sarcástico tal como foi toda a tua vida cheia de mágoa.