«Escrever é usar as palavras que se guardaram: se tu falares de mais já não escreves porque não te resta nada para dizer»
tudo fica
Adormecia com a almofada molhada e acordava com o sal seco da noite passada. Imaginava como era se estivesse contigo, definitivamente. Queria voltar, voltar a sentir um turbilhão de emoções como nunca havia sentido, queria também voltar a ver-te. Traz-me à memória o nosso verão, mais uma vez.
Sentia os nossos olhos cruzarem-se como se as nossas pestanas se encaixassem. As minhas pernas tremiam à medida que te sentia mais próximo, mais meu. E acontecia, sem eu autorizar ou ter tempo para dizer a mínima das coisas. O sabor dos teus lábios e a sensibilidade com que os mexias já eu conhecia. Por momentos esquecia-me de quem era, de quem tu eras e do nosso amor impossível. Deixava-me levar pelos murmúrios e por todas as vezes que nos abraçávamos em frente ao pôr-do-sol. Apaixonei-me pela forma ondulada do teu cabelo, pelas tuas frases construídas momentaneamente e pelas tuas mãos que juntamente com as minhas nos aqueciam profundamente.
Até ao dia em que nos esquecemos. Amei-te de forma estranha mas nunca duvides do que sentia (e sinto, aliás). Em suma, perdemo-nos juntamente com o tempo.
Nunca me esqueço de ti, todos os dias és alvo de recordação. Olho para ti e apaixono-me vezes sem conta mas acordo e vejo que estás longe, longe fora de alcance e sem mim. Fico-me pelos sonhos e pelos ‘ses’ mas talvez um dia voltemos às velhas tardes de verão.
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