a queda!


A luz cegava-lhe os olhos cor de mar, estando ele assim constantemente a tropeçar nos seus próprios erros. Alguém em frente dessa luz pôs um pequeno vidro que a conduziu para outro lugar. Ele estava prestes a tropeçar uma vez mais numa dessas pedras que se atravessam pelo caminho. Devagarinho lá foi abrindo os olhos, desviou-se dos erros e como sempre lamentava-se pelo monte de pedras que tinha coleccionado. Os pedidos de desculpas já não serviam e ele estava sem ninguém (mas tinha sempre razão, está claro). Escondia medos, fraquezas por detrás de arrogância e de um belo ar de superioridade que o caracterizava sempre. Todos os dias de cabeça erguida até que uma vez, o melhor momento de todos ele caiu. Bateu com a cabeça num grande pedregulho e ficou inconsciente durante algumas horas. Durante esse tempo pensou, fez um tipo de slide na sua mente desde o dia em que nascera até o momento. Quando acordou as lágrimas vieram-lhe aos olhos porque apesar de se ter apercebido que as pedras que andara a coleccionar eram demais já era demasiado tarde para o pedido de desculpas.


DEI(-te) parte de mim.

Dou um sorriso, dou um abraço, dou um carinho. Aliás, dei (-te). Os sorrisos já não são frequentes, os abraços cada vez menos, e os carinhos? Esses não chegam a existir. Mas no fundo, sinto falta deles. sinto falta do seu calor, da sua protecção mas principalmente da pessoa que mos dava, tu.
Em todos os capítulos existe sempre um 'tu' ou um 'ele'. Nunca chegaste a partir realmente, havia sempre um pormenor que me associava a ti, a mais pequena coisa que me fazia pensar em ti.
O sono tem sido o meu melhor amigo. Afogo-me em sonhos, agarro-me a uma felicidade nao identificada e fujo com ela para bem longe, para bem longe. O problema é quando o despertador toca. Ainda meia a dormir começo a pensar, a pensar como será o dia. Se será dos dias em que o preferível era ficar em casa ou se me vou aguentar mostrando um 'sorriso amarelo' para as pessoas que são simpáticas comigo. Não sei, gostava que à noite quando falo com os meus botões me fornecessem um mapa para saber o que fazer, com quem devo estar.. para que possa ter um dia melhor que 'o de ontem'.
Chamas a isto? Chamo-lhe saudade. Muita saudade. Uma saudade que dói, que dói bastante, um conjunto de sentimentos que me levaram a ter saudades tuas.
Não teve um começo certo, o desenvolvimento passou a correr e o final, esse foi marcante. Foi um final não como todos os outros, não um final que virássemos apenas as costas um ao outro e seguíssemos cada um para seu lado, não um final com rancor e mágoa, não foi um final em que nos custasse dizer o último 'adeus' ou apneas dar o último beijo. portanto não foi um final. Foi o começo de uma nova experiência de vida, sem ti.

( e juro-te que foi a última vez. )

novo documento


Foste tu que fizeste. Fizeste renascer a paixão que outrora matou. Fizeste acreditar no que antes não poderia acreditar. Fizeste-me bem, por dentro e por fora. Fizeste-me querer. Fizeste-me adorar. Fizeste-me sentir novamente viva. Fizeste com que me deixasse levar. Perdi a conta ao número de coisas que fizeste, que deste a entender que fazias, que querias fazer. Agora, sinto o frio a entrar pela porta que abriste. Agora, deixo as coisas passarem-me ao lado. Agora, deixei cair tudo que tinha vindo a apanhar. Agora, estou a cair para um novo 'poço' cujo fim não está à vista de ninguém.

Foram tantas e tão poucas as comparações que fizemos. Foram tantos os lugares em que deixamos os nossos perfumes. Foram tantas as vezes que acreditei em mim e em ti.Talvez tenha sido dura de mais ou talvez demasiado 'mole'. Talvez me tenhas feito bem ou talvez não. É provável ou certo que contigo aprendi a ter um novo sorriso, mais brilhante que o de antigamente e mais feliz que o futuro. E no fim ainda houve alguém que disse «foste incrível».
Foi apenas uma, a vez em que me senti apaixonada.

a viagem

Estava uma manhã de frio e chuva. O que mais queria era entrar no autocarro, aquecer-me com o calor humano.Vinhas tu com o teu casaco de veludo azul-marinho e com o nariz vermelho de tanto frio que estava. Lá estávamos nós com os fones nos ouvidos, por sinal até ouvíamos o mesmo tipo de música. Como era habitual em todas as manhãs, sem nenhuma razão olhávamos um para o outro e sorriamos, o ‘porquê’ nunca viríamos a descobrir. A certa altura baixei a cabeça para ver as horas, quando a levanto dou conta que estou no meio de uma multidão. Umas a falar, umas a sacudir os guarda-chuvas, outras a dar raspanetes aos filhos, outras sossegadas a olhar para o infinito. E tu? Não te via, procurei por entre tanta gente mas nada...afinal, saíste uma paragem antes de mim.