iogurte longa vida*

Tu, melhor que ninguém, conheces todos os lados de mim. Do lado apaixonado até ao irritante e mimado. Sabes também que sou demasiado exagerada e que levo as coisas muito a peito. Sabes ainda que foste o meu primeiro amor a sério e que já dura há demasiado tempo. Se queres saber já não me custa tanto dizer assim de uma forma descontraída sem me preocupar no que irás pensar, afinal não irias opinar acerca de nada.
Há coisas quem têm o seu tempo, depois de este passar torna-se cansativo e tu, de uma maneira, passaste do prazo de validade. É caso para dizer que o teu tempo expirou. O teu aroma a morango perdeu-se assim como o teu titulo "longa vida". Agora só o teu cheiro a estragado é notável, e
eu, só reparo em ti quando abro o frigorífico.

tranquilidade *

"Todo o amor deste mundo perdido num segundo, todo o riso transformado num olhar apagado, toda a fúria de viver afastada do meu ser até que um dia acordei e vi que estava a perder. Toda a força que cresceu na vida que deus me deu. Uma vontade de gritar bem alto: o meu amor morreu. Todo o mundo há-de ouvir, todo o mundo há-de sentir tenho a força de mil homens para o que há de vir
Penso em ti até que bate duro no meu crânio. Toda a dor, toda a raiva, todo o ciúme, toda a luta, toda a mágoa e pesar, toda a lágrima enxuta. Alieno como posso não posso encher a cabeça, não há dinheiro nem vontade ou amor que o mereça. Não vou pensar de novo, vou-me pôr novo neste dia novo estreio um coração novo.
Acredita que custou mas finalmente passou e no final do dia foi só isto que restou.
Vai haver um outro alguém que me ame e trate bem, vai haver um outro alguém que me ouça também, vai haver um outro alguém que faça valer a pena, vai haver um outro alguém que me cante este poema."

brilhantes conclusões *


Cheguei à conclusão que fomos habituados a isto. A este ciclo vicioso em que um de nós parte mas por uma razão qualquer volta. Sempre foi assim, dávamos o braço a torcer e cedíamos sem questionarmos as razões pela qual tinhamos partido. De todas as vezes voltamos, lamentamos e continuamos com o que tinhamos criado. Pensa e chega à conclusão que, desta vez, estou certa. Temos que mudar, não vou dizer que não sinto a tua falta - se há coisa que me tem atormentado é o facto de não estares aqui -, porém continuo a dizer que temos de mudar. Quebrar com o ciclo vicioso e virar a página. Também não te vou mentir gostava que voltasses todavia foste unicamente tu que partiste.
Por vezes temos de abdicar do que mais queremos mesmo que isso custe, o melhor é encostar e ganhar um pouco de pó. E eu estou disposta a abdicar de ti, coisa que realmente nunca fui capaz de fazer. Sei que apesar de o dizer vou continuar a pensar em ti de uma forma ou de outra, já me conheces demasiado bem.
E esta noite prometo-te que não vou ceder, nem voltar ao nosso constante ciclo vicioso.



"reatamos não porque queremos voltar mas sim porque só conhecemos isto e não nos desamarramos" (private pratice)

e já que falamos *




"Vem fazer de conta" e acredita em mim, a vida deve ser levada com olhar de puto. Dá-me tempo para que te mostre quem sou. Temos empatia, quem sabe se um dia a nossa simetria não acaba em sinfonia. Sempre gostaste de brincar em perigosos terrenos em relação a isso eu não sei o que fazer.
Sei que é cena fora mas todo o dia chega a hora em que o lado esquerdo chora quando se lembra de nós. Pode ser que o passado fique por onde deve estar: o pretérito imperfeito, já que não é mais-que-perfeito este é um presente que eu aceito. A verdade é que a saudade do que passou não é mais que muita e já que falo por eufemismos gostava de dizer que ainda gosto bastante de ti..."

aquilo que vais esquecendo*


Lamento ainda sentir o mesmo, lamento ter-me deixado ir. Eu deixei-te ir com o pó que a tua fotografia ganhou. Deixei-te ir no meu tempo ilimitado a que pertencerás sempre. E eu choro a tua perda porque era suposto hoje especialmente hoje, estares ao meu lado - aliás, não só hoje. Digo-te mais uma vez que era suposto teres ficado comigo mais tempo. Era suposto ainda partilhar memórias. Era suposto comemorarmos os nossos dias, juntos. Hoje que tinha guardado memorias para te lembrar, hoje que tinha algo guardado a pensar em ti, hoje o nosso dia quatro passou a ser um vulgar e banal. Devia ter sido o teu cabelo que acariciei. Deviam ter sido as tuas mãos que aqueci. Deviam ter sido os teus olhos a que eu olhei e me perdi. Devias ter sido tu a pedires-me para não te deixar. Devias ter sido tu a abrigar-me da chuva. Devias ter sido tu a abraçares-me. Devia ser eu o teu primeiro e último pensamento do dia.
Eu, eu acreditei em cada letra das palavras que murmuravas. A mim parece-me que todas as tuas previsões saíram ao lado. Que quando dizias "para sempre" esse tempo era demarcado não por mim mas sim por ti. Afinal as nossas noções de eternidade são bem distintas.
Não sei se foi por mim que partiste, se foi por ti que me deixaste. Não quero estar presa a ti, não quero esperar nem mais um ano, nem mais uma semana por ti mas na verdade eu lembro-me todos os dias que te amo.
Poderei correr mundos e fundos mas a tua marca permanecerá junto do que guardo teu. Talvez aposte que em certas alturas te lembras não só de mim como de nós. Ainda olhas para o bilhete do Porto e consegues recordar-te dessa noite. Guardo o que deixaste e o que não deixaste. Sobretudo, guardo-te a ti entre todos os outros que passaram. Guardo-te, não em embrulhos, porque há noite dá-me uma enorme vontade de olhar para ti talvez para matar este bichinho a que eu chamo saudade. A saudade que conheces melhor que ninguém mas que não matas. A saudade que me causaste e que persiste em fazer. As saudades que tenho tuas. As saudades que teimam em dominar-me todos os dias, mal me deite e mal acorde. As saudades que vou mantendo, as que talvez também tenhas.
Deixa-me contar-te baixinho as vezes que já sonhei contigo. Deixa-me dizer-te quantas vezes as lágrimas não se controlaram. Deixa-me fechar os olhos e pensar que permaneces aqui. Deixa-me acordar e contar as horas para estar contigo. Deixa-me dizer-te que foste a melhor coisa que tive e que não devia ter partido. Deixa-me dizer-te que parte de mim ainda está contigo, sim apenas parte de mim a outra foi voltando. Senta-te aqui, vou-te ler o futuro, vou-te contar os planos que fiz mas que não chegaram a acontecer. Senta-te aqui junto a mim para te poder olhar e descobrir o que te vai aí dentro. Senta-te aqui para te aquecer as mãos. Senta-te aqui para me perder nos teus deliciosos cafunés. Senta-te aqui para te dizer o que senti quando partiste, o que vi cair e o que vi acontecer de novo. Sabes que digo e desdigo, que não concordo e no fim apoio mas sabes que sou feita assim, de concordâncias e discrepâncias. No entanto a minha promessa ainda ficou, não quebrei o que sempre, de qualquer maneira, te prometi. Segui um dos meus principios e não recuei no juramento que em tempos te fiz.
Não tínhamos a nossa linha traçada, não eramos estáveis mas tínhamos algo de bastante sólido. Afinal, quem é que gosta sempre da mesma rotina? Quem é que não aposta em algo de novo? O que estava escrito na mão dos deuses para nós apagou-se, fomos nós que criamos os nossos próprios traços. Aliás, foste tu que desenhaste as curvas em linda recta. Foste tu que quiseste arrancar a página de um capitulo que devia durar.
Mas eu não te vou estar a culpar pelo que era suposto fazeres e o que deixaste, na verdade ainda luto contra a vontade de não correr para ti, ainda tento controlar os velhos impulsos.



"something always brings me back to you"