o meu mundo mudo *


« eu a convencer-te que gostas de mim, tu a convenceres-te que não é bem assim. eu a mostrar-te o meu lado mais puro, tu a argumentares os teus inevitáveis. eras tu a dançares em pleno dia, e eu encostado como quem não vê. eras tu a falar para esconder a saudade, e eu a esconder-me do que não se dizia.
desviando os olhos por sentir a verdade, juravas a certeza da mentira, mas sem queimar de mais sem querer extingir o que já se sabia.
eu fugia do toque como do cheiro, por saber que era o fim da roupa vestida que inventara no meio do escuro onde estava por ver o desespero na cor que trazias.
era eu a despir-te do que era pequeno, tu a puxar-me para um lado mais perto, onde se contam histórias que nos atam, ao silêncio dos lábios que nos mata.
eras tu a ficar por não saberes partir, e eu a rezar para que desaparecesses, era eu a rezar para que ficasses, tu a ficares enquanto saías.
não nos tocamos enquanto saías, não nos tocamos enquanto saímos, não nos tocamos e vamos fugindo, porque quebramos como crianças. »

(toranja*)

2 comentários:

joão paulo disse...

ainda faremos muito mais.

Vera disse...

Direi que não posso comentar músicas destas, quando só tu podes saber o que sentes. E como as minhas palavras podem ser ou não reconfortantes, só a nós nos diz respeito!
amo-te, e tu és enorme!